A vida nos é apresentada como um
grande banquete imperial. A cada dia saboreamos os mais belos pratos na forma
de vivências e compartilhamentos de sentimentos e emoções. Um cardápio completo
do mais alto nível gastronômico. Nossa memória gustativa se aprimora
constantemente e forma o nosso paladar com preferências, predileções e recusas.
Algumas entradas nos surpreendem
pela explosão de sabores que a humildade com que se apresentam faz a grandeza
do coração se multiplicar e suas batidas nos coloca novamente no compasso e
cessa o desfibrilar em que se encontrava e inquietava a vida.
Alguns pratos do dia nos trazem a
felicidade, nos sentimos plenos pelo que temos e conquistamos. Outros a
simplicidade refrescante como a de uma bela salada de verdes e nuances de cores
exóticas. Leveza d’alma ao saboreá-las seja no almoço ou numa noite de verão.
Não, não, não é um prato sazonal, pelo contrário nos faz bem todos os dias.
Também os de digestão mais
complexa, pode provocar certa revolta interna, e ficamos com este processo de
digestão mais lento causando desconforto imediato ou por alguns dias seguintes.
E pela baixa capacidade humana, ainda em evolução sentimos a famigerada
enxaqueca a nos atormentar o pensamento dificulta-nos as tomadas decisões.
Passam-se os dias e mais um prato
nos é oferecido, como que um bálsamo esperado, um consommé perfeito preparado
com maestria de pitadas de tranquilidade, e aconchego conforta nosso intimo. Êxtase
de paz que com tamanha satisfação pedimos para repetir quebrando regras de
etiqueta.
Como nada melhor do que: seja às
cinco da tarde ou no final da noite, no momento de descanso ou reflexão, uma
boa xícara de chá nos desperta o aconselhamento. Paramos e avaliamos o que
passou por nossa mesa.
Mais um novo dia se despertara ao
virar dos ponteiros e ainda sob os efeitos do chá, com a cabeça e os
pensamentos em ordem, os aromas do pão fresco ali à frente, aguça o olfato para
a fraternidade, a comunhão em começar o dia querendo dividir o que é bom. Pão
fresco é como amizade bem construída, alimenta, fortalece e une.
Mas a gastronomia da vida nem
sempre é rápida, alguns pratos nos pedem tempo de preparo, a pressa não nos é
permitida, momento em que a lentidão é fundamental para apurar os mais
preciosos sabores da cumplicidade, da parceria, da lealdade e principalmente o
da sabedoria. São os pratos com reduções bem feitas, onde as impurezas são
separadas como a química rege sua batuta. O relacionamento de tais temperos
formam as parcerias que ativam as papilas, nos da euforia em percebê-las. Apuram-se os mais intensos sabores de
lealdade, de integralidade desta relação. E finaliza-se o prato com a percepção
de que a sabedoria é o ingrediente que mais se destaca no preparo.
Dando um toque de complemento ao
que se vivenciou a felicidade do que provoca a sobremesa nos deixa a docilidade
das relações sinceras.
E a vida segue no curso de seu
banquete nos dando a oportunidade de degustar, de saborear, de poder repetir e
de até aprender como se faz. Temos o privilégio de poder fazer parte desta
mesa, só não aprecia quem tem o ódio, a mesquinharia, a vingança, a inveja e o desdém
como temperos preferidos de seu cardápio. E para neutralizar tamanha acidez, só
mesmo pitadas de indiferença.
Bom apetite! Buen provecho! Buon appetito ! Bon Appétit ! Enjoy good
appetite! Guten Appetit ! Seja lá em que idioma for, as regras são as
mesmas, saber viver é arte, e nem todos tem SAVOIR FAIRE. - Por Carlos Baldo.
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