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1ª Associação de Chefs do Litoral do Paraná

Recebemos o títulos de Master Chef.

Mignon de coelho

Rolinho de mignon de coelho em laminas de pata negra com portobelo grelhado e aspargos verdes sobre veludo de batatas e gema cozida em baixa temperatura.

domingo, 16 de setembro de 2012

Cada casa tem uma janela, cada janela tem um causo....



Em cada caminho tem uma casa, em cada casa tem um cantinho. De cada cantinho, se vê um jeitinho. Pode ser de frio ou não de dia ou de noitinha, mas o caminho esta ali, bem à nossa porta, bem à nossa janela ou alvorada ou madrugada a janela a espreitar os causos da vida, o compadre que sobe ou o moça que desce o caminho batendo sola, até parece bichinho obreiro, formiga de formigueiro. Cupim cobiçado de obrar a massa batida como o chão com o sabor da terra.



É alvorada sem dúvida, o frio ainda no vidro escorre, como suor de quem trabalhou ou amou a noite toda. Esculpindo o suspiro da bouganville do penteado da namoradeira. Janela da curva seguinte, caminho do vai e do vem, da marmita e da pedra que apanha do formão e do ferro que se contorce, buscando a luz pra pender nas cabeças e espiar nas mesas o que se come , o que se conspira ou se trama para o dizer na praça e ao padre.


Tem resto ainda de neblina, friagem e do tal suor da noite que que refresca e apaga os gemidos ofegantes do amor da terra. Portinhola de tramela, arame de alça, porteira de segredos e de verdades, a luz ainda é forte no céu fraco. Terra fofa, folhas molhadas, cheiro de vida, a capuchinha se exibe disposta a se entregar á morte pelo prazer de ser apreciada, cheirada e degustada. Amarela ou vermelha, mostra seu jogo de cores num caleidoscópio quintal de enebriar a paixão do cozinhar.


E uma a uma, escolhida por seu algoz, se entrega de bandeja ao sabor do que a noite que não verá dará o prazer de quem a possuir.


Cúmplice ainda, murmúrios e buchichos, do estralar do verde cepo, arde e invade a boca de ferro atiçando e borbulhando a água que doce escalda o pó ferrugem cor da terra escura que perfuma a casa que ainda dorme, se espreguiçando por baixo de cada fresta e invadindo o leito de quem ali se entregou alta madrugada depois do trabalho e do prazer de misturar sabores e prazeres da mesa.



Mas cada casa tem uma janela, cada janela tem um causo.... Cada causo tem sua janela e tem janela que só tem namoradeira. Mas na vida que parece parada, parada e debruçada na bandeira da janela, muita coisa se vê, muita coisa de escuta.

De azul quase mediterrâneo, pintou-se o marco do olho da casa, dia de preguiça, dia de provar a vida como se um bichinho fosse, em seu casulo, toca ou morada. É dia se sol, festa no mar, mas ali mar não chega, ali o tal barquinho não navega, o chuá das ondas se troca com o "piui chachá" . Tem Maria Fumaça pertim dali, coisa de uma légua e meia. Coisa de mineiro mesmo.

Tem doce, tem sal, tem ovos e farinha pra fazer bolo ou broa, mas fica a cargo da vontade de vosmicê.

Boteco que aqui é Lei, em casa de coração grande é mais completo porque tem causo de raiz, causo de quem olha a vida pela janela da frente e das de lado. Olha pela porta do fundo e da soleira da entrada faz reverência pra Dr que passa. Pra moço e moça da capital daqui e de mais de légua.

Do ouro amarelo que derrama no copo, da espuma que faz a mente viajar na inspiração do comer e beber, do preparar e saborear, misturar sem pompa e circunstância, sem os salões imperiais de ouro e pedras preciosas da Áustria da moça Sisi que virou imperatriz as porcelanas são craqueladas pelo tempo e pela história, são coisas de Minas. A Mente balança feito pendão de canavial, em cristalina valsa de prataria nobre. Medalha e brazão de forja é a região.


Prazer de mineiro é poder contar causo e sonhar na janela de quem quiser se achegar pra saborear o que no fogão tiver. Sem faltar ao respeito, sentindo prazer de abrir o coração pra quem quer que no caminho passar, na soleira se deparar, e na janela acenar pra namoradeira de barro ou não. Mostrar que coração de mineiro é maior que qualquer trem que vai daqui pra lá ou de lá pra cá.

Esta janela aberta é dedicada aos amigos que participaram desta maratona num mundo encantado chamado Bichinho / Prados / Tiradentes- MG 2012