Respeitável público! Temos a honra de apresentar a vida. Arquibancada
lotada, rostos iguais, pálidos sem nenhuma maquiagem e testemunho de lentes de
um lambe-lambe. Destaca-se tão somente o rosado nariz que parece sofrer de
renite. Única cor que cria a dualidade da
expressão do que passa diante das opacas retinas entreabertas.
Bilheteira, a mulher picota no mesmo movimento como se fossem
uma máquina as tirinhas de cupons que deveriam ser o passaporte para o espetáculo
por debaixo da lona. Mas o mudo pedido de socorro não é ouvido pelos surdos
ouvidos de todos que ao redor catatônicos se postam. E quem grita? Quem pede socorro em local de
alegria e de brincadeira?
Se for uma criança não se sabe na escura penumbra, grande é
a sombra que se forma com a lanterna na mão, fardado, o infante anão tenta ser
a expressão da postura altiva e ambígua que observa bem de perto, mas que nunca
alcança os objetivos e as ordens de seu menestrel. Malabares como fogueiras, brincam de mão em
mão como se queimar fosse. Em cada garrafa em chama, sentimentos guardados prestes
a explodir a cada lançamento ao teto do pano.
Cada qual ali, em seu canto da lona ao redor do picadeiro, cada qual permanece. E
o elefante do circo, vem e se senta na tina, eleva seus pensamentos e recebe
a recompensa. Levanta-se e prossegue em
sua maratona a circundar o picadeiro e volta a sentar-se na tina e mais uma
vez, recebe a recompensa. E vem o outro
elefante e estranhamente, se une aos mesmos movimentos sequenciais nada matemáticos
e repetitivos sem sintaxe de concordância e de regência e ou qualquer
referência de justificativa de origem psicótica ou condicionada. Tudo se torna
desconexo, e prolixo no pensamento daquele cérebro paquiderme que evita qualquer
esforço metabólico. Seu olhar é triste, acabrunhado, seus movimentos configuram
uma enfermidade demente, sim pode ser branda, mas uma demência com certeza
gerada pela falta de perseverança ou liberdade de pensamentos.

Migalhas saídas do bolso sujo e maltrapilho do mestre de
cerimônia, conhecido por Condicionador Superior que é o cargo em carteira, referencial nada agradável,
que mete medo e assombra a todos. Abusador da boa fé, da inocência e da
docilidade que tinham os elefantes, paquidermes ou não. Transformados em zumbis
simpáticos, porém a beira de um ataque. Perigo constante. Pesados sim pela
consciência, onde muitas coisas fora de padrão e ética foram feitas e atos
praticados por eles em nome de outrem.

Pobre bicho homem elefante se prestou ao papel mais medíocre da tua
existência agora sentado na tina vê a vida lhe ser pesada e nem um pouco
engraçada.
Por Carlos Baldo
Por Carlos Baldo
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