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quinta-feira, 5 de julho de 2012

Reflexões sobre Ser. .....

Ser, verbo de ligação, nos diz o que a pessoa é. Mas é o que? Pode ser muitas coisas, mas também pode não ser nada. Também pode se quer ser algo, mas se as pernas são curtas, não se consegue dar passos largos e até nem subir alguns degraus. Os braços podem ser longos, mãos grandes e firmes, mas também com toda esta robustez pode não se ter a sensibilidade de saber agarrar as oportunidades, e acaba por perder ou escapulir por entre os dedos. Faz-me lembrar do dito popular: por fora bela viola, por dentro pão bolorento. A gente acha que é, olhando a primeira vista, mas o tempo vai transcorrendo e percebemos que muitas vezes somos míopes incorrigíveis, nos deixamos seduzir por belas imagens, boas falas, desenvoltura da oratória, e não reparamos que o que é realmente, está amparada pela sombra do que na realidade se faz presente. Ser, nem sempre é possível no muito pretender e pretender de forma amadora, gananciosa, embasado no deslumbramento dos holofotes, pode ser fatal. A imagem é, estado de espírito temporário, acorda-se de mau humor e faz-se a maquiagem. Camalea-se. Vende-se, reveste-se de nobreza com os artifícios dos alquimistas que transformam o pó calcário em ouro dos tolos. É água salobra que não sacia a sede de ninguém. É noz brocada em caixa de festa é farda rota de imaculada caiada. Almirantado de nau desgovernada e sem marujo imediato. Imagem que é pirata sem bandeira flamejando ao sabor do vento no relento se estabelece. E sem intuito de pregação ou doutrinação em Mat 23:27 - Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda a imundícia. Este então é o retrato falado do que é, ou daquele que gostaria de ser; pretensioso, dissimulado, na arrogância do espelho nem reflexo tem, vidro vazio embaçado de digitais gordurosas dos que com leves toques rejeitam sua possibilidade de harmonia na prateleira. O ser, que era verbo de ligação torna-se então sentido de exclusão. Lateja então a consciência do não quer ser igual, tão pouco semelhante. Assim nem moedas e nem escambo se faz comprar o título, na apoteose a divina comédia não condiz com a fantasia do vulto que se desfaz como o grão de sal na poça d’água, sustentar a estirpe em forma de estátua de sal em tempestade é viver de ilusão do refletir o vazio.

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